Esta foi a minha carta de resposta para o jornal.
Venho por este meio repudiar a direcção de informação deste jornal, por permitir-se publicar uma tão caluniosa e insultuosa tomada de posição pelo dr. Emídio Rangel. As suas afirmações, para além de desfazadas da realidade, como se pode observar no dia da manifestação com o número elevadíssimo de participantes (dos bons aos maus professores, dos licenciados aos bacharelados e passando pelos equiparados...), chegam a roçar o grosseiro. Eu sou professor, mas não fui por não considerar correcta a minha presença em tal manifestação; não por não concordar com os seus motivos, com os quais estou totalmente solidário, mas pelo facto de a minha entidade patronal não ser o Estado, pelo que não compareci. Contudo, como profissional da Educação, quis deixar aqui o meu desagrado pelas declarações escritas do senhor Rangel. Gostei, no entanto, de ver que os professores se sabem unir para lutar pelos seus direitos, tenham eles cabelos longos ou curtos, muitas ou poucas tatuagens, pele negra, branca ou vermelha... Não sei o que motivou a comparação com os trabalhadores da Lisnave, mas em minha opinião, os únicos que eu estranharia ver na rua a manifestar a luta por direitos laborais seriam os chamados "patrões", a muitos dos quais deixo aqui o meu apoio pela coragem com que vêem enfrentando esta interminável crise!
Senhor Rangel (e senhor director de informação), aconselho à moderação nas opiniões e posições que tomam, pois esta revela um apoio de tal forma incondicional e cego, que nem souberam esperar pela resposta dos profissionais em causa ao apelo a manifestar-se, o que aconteceu em grande força. Já agora, gostaria de saber qual seria a opinião dos senhores (se esta se alteraria) se outras manifestações se seguissem tão ou mais unidas se seguissem... O direito sindical é tão válido como o direito ao trabalho ou o direito ao pagamento por serviços prestados. E quando as regras são mudadas a meio, é normal verificar insatisfação. As questões que se põem aqui são:
Alguma vez viram vossas excelências os professores portugueses sentirem tanta revolta e ultraje em algum governo pós-25 de Abril?
Algum governo pós-revolução foi tão intransigente nas medidas por si impostas?
Alguma vez assistimos, como neste governo, à tentativa de sonegação dos direitos de livre expressão e manifestação?
Os professores são a classe profissional mais politicamente imparcial no exercício das suas funções, muito mais até que os jornalistas (os supostos supra-sumos da imparcialidade e tolerância), e contudo o senhor Rangel passa por cima deste facto, tentando associar TODOS os docentes ao PCP, implicando o Dr. Menezes como instigador de uma violência que, lembro-lhe, não existiu, e esquecendo que naquela manifestação deveriam existir, com toda a certeza, muitos militantes do Partido Socialista.
Só mais uma coisa, o Dr. Menezes não esteve presente, mas enviou o seu apoio, tal como outros líderes partidários. E fê-lo não para aproveitamento político (para isso estiveram presentes outros...), mas por compreender que esta é uma situação injusta e degradante para aquela que é, sem dúvida, a mais importante profissão na preparação, em cada momento, do futuro de um país. Se acha que os seus professores nunca se manifestariam, ou não deixariam a estes docentes uma palavra de conforto e apoio, é porque nunca os viu numa situação como esta, em que preparadores de mentes são reduzidos a escrivães burocratas...
Sugestão final: uma leitura do livro 1984, de George Orwell não lhe faria muito mal... nem a si, nem aos portugueses!
Senhor Rangel (e senhor director de informação), aconselho à moderação nas opiniões e posições que tomam, pois esta revela um apoio de tal forma incondicional e cego, que nem souberam esperar pela resposta dos profissionais em causa ao apelo a manifestar-se, o que aconteceu em grande força. Já agora, gostaria de saber qual seria a opinião dos senhores (se esta se alteraria) se outras manifestações se seguissem tão ou mais unidas se seguissem... O direito sindical é tão válido como o direito ao trabalho ou o direito ao pagamento por serviços prestados. E quando as regras são mudadas a meio, é normal verificar insatisfação. As questões que se põem aqui são:
Alguma vez viram vossas excelências os professores portugueses sentirem tanta revolta e ultraje em algum governo pós-25 de Abril?
Algum governo pós-revolução foi tão intransigente nas medidas por si impostas?
Alguma vez assistimos, como neste governo, à tentativa de sonegação dos direitos de livre expressão e manifestação?
Os professores são a classe profissional mais politicamente imparcial no exercício das suas funções, muito mais até que os jornalistas (os supostos supra-sumos da imparcialidade e tolerância), e contudo o senhor Rangel passa por cima deste facto, tentando associar TODOS os docentes ao PCP, implicando o Dr. Menezes como instigador de uma violência que, lembro-lhe, não existiu, e esquecendo que naquela manifestação deveriam existir, com toda a certeza, muitos militantes do Partido Socialista.
Só mais uma coisa, o Dr. Menezes não esteve presente, mas enviou o seu apoio, tal como outros líderes partidários. E fê-lo não para aproveitamento político (para isso estiveram presentes outros...), mas por compreender que esta é uma situação injusta e degradante para aquela que é, sem dúvida, a mais importante profissão na preparação, em cada momento, do futuro de um país. Se acha que os seus professores nunca se manifestariam, ou não deixariam a estes docentes uma palavra de conforto e apoio, é porque nunca os viu numa situação como esta, em que preparadores de mentes são reduzidos a escrivães burocratas...
Sugestão final: uma leitura do livro 1984, de George Orwell não lhe faria muito mal... nem a si, nem aos portugueses!
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