O jovem professor estagiário revoltado (mas com razão…)
A educação é uma das principais bases de toda uma sociedade porque desempenha um papel fundamental na formação, orientação, educação de uma vasta comunidade de pessoas. Por estas razões, a educação deveria ser um sector tratado com alguma preocupação e sensibilidade por parte dos governantes deste país.
A educação é uma das principais bases de toda uma sociedade porque desempenha um papel fundamental na formação, orientação, educação de uma vasta comunidade de pessoas. Por estas razões, a educação deveria ser um sector tratado com alguma preocupação e sensibilidade por parte dos governantes deste país.
Pois bem, eu como professor estagiário e já sem grandes perspectivas de trabalho no ramo da educação (para não falar em outros), ainda tinha aquela esperança de talvez vir a ser professor mais tarde, mas o conjunto de medidas que o governo tem desenvolvido que visam os professores, faz com que cada vez mais me afaste da ideia da carreira docente.
Ora bem, eu frequento uma licenciatura do regime antigo, ou seja, com duração de 5 anos lectivos, e desde que entrei neste curso já passei tempos como o da remuneração de professores estagiários, o tempo em que as propinas eram a 300 euros, por aí fora. Mas agora deparei-me com uma (das muitas) nova situação que é a seguinte: após a minha licenciatura, repito, de 5 anos lectivos pelo regime antigo, se quero ingressar na carreira docente, ou seja, dar continuidade ao curso que tirei e recuperar dinheiro investido na minha formação, sou obrigado a realizar 1 provas com 3 componentes e obter em cada uma delas um nota mínima de 14 valores para ter aprovação na prova final e infalível.
Devido a este facto, entre muitos outros que assombram a nossa educação, venho aqui demonstrar algum desagrado com esta lei concebida para o novo regime de Bolonha mas que foi implementada e que está a ser aplicada também nos regimes antigos dos cursos, o que não faz sentido, porque não está aplicada de uma forma temporal.
Segue em baixo alguns dos pontos que constam nesta nova lei do governo e a consequente apreciação critica.
Artigo 3.º
Objectivo
A prova de avaliação de conhecimentos e competências
visa demonstrar o domínio de conhecimentos e competências
exigidos para o exercício da função docente na
especialidade de uma área de docência.
Este objectivo é algo que me surpreende. As pessoas tiram um curso de via ensino com a duração de 5 anos lectivos integrado de um estágio pedagógico com duração de um ano lectivo orientado e avaliado por dois professores, fora aqueles todos que nos avaliaram durante os quatro anos anteriores em todas as cadeiras do curso e isto não foi suficiente para avaliar as competências e o domínio de conhecimentos exigidos para a função docente? A avaliação não tem valor?
a) O domínio escrito da língua portuguesa, tanto do
ponto de vista da morfologia e da sintaxe, como no da
clareza da exposição e organização das ideias;
Não seria antes na instrução primária e no decorrer dos ciclos que se teriam de preocupar com este tipo de formação?
b) A capacidade de raciocínio lógico necessário à resolução
de problemas.
Será que sou inteligente para ser professor? Ou fiz um curso universitário inteiro e não consigo resolver um problema de ensino básico ou secundário. Além do mais, acho que este tipo de capacidades estava inserido no famoso teste de Q.I. (mas até esse foi modificado para melhor).
3 — A componente comum da prova pode, ainda, avaliar
conhecimentos e a capacidade de reflexão sobre a
organização e o funcionamento da sala de aula, da escola
e do sistema educativo.
Quanto a este ponto, para que servem as componentes pedagógicas ao longo de todo o curso? Sim, porque ainda são algumas e era suposto darem formação nessa área.
4 — A segunda componente da prova, também na modalidade
de prova escrita, mas específica para cada grupo
de recrutamento, visa avaliar conhecimentos de ordem
científica e tecnológica, adequados às exigências da respectiva
área de docência.
Se me pergunto para que servem todas as componentes pedagógicas, também me pergunto para que serviram todas as componentes científicas em que fui formado durante 4 anos lectivos do curso. Se fui avaliado e tive aprovação, então é porque domino matérias de ordem científica e tecnológica, a não ser que o curso esteja mal estruturado ou então a credibilidade dos professores seja assim tão baixa, o que não me parece. Quanto à área de docência, se eu tirar via ensino de matemática, acho que não irei leccionar biologia, por isso, acho que estarei adaptado e com conhecimento suficiente na área de docência.
5 — Complementarmente à componente referida no número
anterior pode haver lugar a uma terceira componente
na modalidade de prova oral ou prova prática nos domínios
das línguas, das ciências experimentais, das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC) ou das expressões.
Será que isto se refere ao estágio integrado no curso com duração de um ano lectivo em que somos avaliados por 2 orientadores nestas componentes? Não sei, mas lá que tem as suas parecenças tem…
1 — A apreciação e a classificação das provas são da
competência do Júri Nacional da Prova.
Durante a licenciatura chamam-se professores e orientadores de estágio…e sim, tem qualificação suficiente para avaliar.
2 — A classificação de cada componente da prova é
expressa na escala de números inteiros de 0 a 20 valores.
3 — A classificação inferior a 14 valores numa das
componentes da prova é eliminatória.
Relativamente a estes dois pontos, sempre fui avaliado de 0 a 20, nesse ponto confere. O que não confere é que a nota média e portanto positiva seja de 14 valores, ou seja, notas abaixo de 14 valores serão excluídas e estará a pessoa a vida toda a tentar tirar 14 valores para ser professor de uma área, a qual já tirou a formação necessária e completa para a leccionar.
4 — Os valores a pagar pela inscrição, pela consulta da
prova e pelo pedido de reapreciação da mesma são definidos
por despacho do membro do Governo responsável pela área
da Educação.
Ainda não chegam os elevados e absurdos valores pagos para propinas durante toda a licenciatura?
1 — O docente que tenha celebrado contrato, em qualquer
das suas modalidades, em dois dos últimos quatro
anos imediatamente anteriores ao ano lectivo 2007-2008,
desde que conte, pelo menos, cinco anos completos de
serviço docente efectivo e avaliação de desempenho igual
ou superior a Bom, está dispensado da realização da prova
para efeitos de admissão a concursos de recrutamento e
selecção de pessoal docente.
Este ponto também é engraçado, isto porque, além da pessoa que tira uma licenciatura e mesmo assim não está habilitada a leccionar, uma pessoa já licenciada e que lecciona à 3 anos por exemplo, também ainda não está habilitada a dar formação na sua área e terá de fazer uma prova infalível para saber se realmente está habilitada a leccionar. Caso não obtenha a nota mínima de 14 valores, não poderá então continuar a leccionar. Interessante no mínimo…
E agora pergunto eu:
Afinal qual a credibilidade da universidade, professores, orientadores de estágio e do curso em questão para que seja necessária a realização de uma prova extra para se ficar qualificado?
Será essa prova assim tão infalível, que avalia melhor o desempenho e capacidades da pessoa em 120 minutos do que em 5 anos lectivos de formação?
Para que investi tanto dinheiro e tempo num curso se afinal não sei se vou poder exercer essa profissão? Não bastava já o desemprego da carreira docente?
Qual a razão especifica de a nota mínima e de aprovação ser de 14 valores e não de 10 valores? Ou em ultimo caso ser a nota que a pessoa obteve como grau de qualificação.
Será que é com estas medidas que melhorará a qualidade de ensino em Portugal? Ou estamos a trabalhar apenas para a estatística do ensino?
Este tipo de avaliação não poderia estar incluído na avaliação de professores? Já que querem tanto implementar também essa lei.
Sendo assim, qual a razão e o objectivo do estagio pedagógico? Qual o valor da sua avaliação?
Enfim, poderia sugerir aqui uma série de perguntas acerca desta e de muitas outras leis que conduzem a educação para um caminho escuro, algo vazio e desmotivante para quem vê nele algo motivador e de satisfação pessoal, mas vou ficar por aqui porque o meu objectivo era dar a conhecer também esta situação a todas as pessoas que poderão não estar a par deste tipo de medidas que só vem aumentar o desemprego e empobrecer a classe docente.
Obrigado pelo tempo dispendido a ler este excerto de artigo…
E lembra-te:
Quem manda em Portugal são os portugueses, não o governo…
eles sem nós não fazem nada…
precisam de nós para sobreviverem…
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