Thursday 5 March 2009

Os autores da História

Estive hoje de manhã com um livro de história do 9º ano de escolaridade na mão, a tentar explicar uma fracção da História Mundial a uma jovem aluna. Aquilo que vi descrito deixou-me boqueaberto, e mais uma vez paranoicamente apreensivo. A Unidade relativa à ascensão do Totalitarismo na Europa, resultante da Grande Crise do Capitalismo (isto em 1929), relata que os movimentos nacionalistas europeus cresceram em resultado de um fechar das fronteiras dos diferentes países à entrada de produtos estrangeiros, fazendo assim um proteccionismo dos produtos internos, tentando manter impostos e promovendo propaganda a favor dos produtos com mão-de-obra nacional. Esta parte trouxe-me à memória a solução inovadora do senhor Obama: BUY AMERICAN; e a solução de Gordon Brown: BRITISH JOBS FOR BRITISH PEOPLE! O americano é o jovem idiota que pensa que "Sim, é possível!", o inglês é o líder do Partido Trabalhista Inglês (para quem não sabe, o PS do Reino Unido).
Mas o texto não fica por aqui; continua relatando o fim das democracias liberais, associando esta ideologia com o individualismo e relacionando este à quebra das Economias na Europa. Ora, como se sabe (e aparece também no livro), a crise económica na Europa em 1929 deveu-se ao facto de, face à crise americana, os investidores do Oeste que tinham investido nos bancos europeus resolverem, tentando fazer frente à crise no seu próprio país, vir ao Velho Continente buscar aquilo que lhes pertencia. Sem possibilidades para emprestar mais capital, os bancos europeus começaram a ir à ruína, o que despoletou a crise no nosso Continente. O que raio tem isto a ver com a Liberdade Individual ser um valor máximo a proteger por lei e armas, não consigo entender...
A análise histórica passa depois para o case study do Fascismo e do Nazismo. Estas ideologias, apresentadas inicialmente em separado, são depois implicitamente conjugadas, ao resolver o autor que é possível, aceitável e até aconselhável assemblar a descrição conceptual dos objectivos das duas ideologias! Embora eu defenda que os extremos vão acabar por tocar-se, e provocar as mesmas consequências para o indivíduo comum na sociedade, estas não são na sua essência uma e a mesma coisa. O autor vai ao ponto de explicar que o Fascismo é uma ideologia que pretendia combater o Comunismo e o Socialismo, mas esquece-se de referir o nome original do Partido Nazi: Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães! Ou seja, o autor consegue a proeza de afirmar que fascistas e nazis são iguais, mesmo informando que os fascistas são anti-socialistas, tudo porque omitiu um pormenor importante, OS NAZIS ERAM E SÃO SOCIALISTAS!
Não quero afirmar que os socialistas de hoje são seguidores de Adolf Hitler ou da sua ideologia demente de uniformidade de raça e credo, mas afirmo e reafirmo que mantêm a linha de uniformidade quanto a UM LÍDER, UM PARTIDO, UM ESTADO, UM CAMINHO ÚNICO! E o que o autor procurou foi, pela omissão efectuada, evitar uma associação, por parte dos estudantes, do nome Socialista presente na nomenclatura do nome do partido do governo português actual e do regime que massacrou "só" uns quantos milhões de judeus! A propaganda de Hitler e das SS tentou criar a ideia de Solução Única no povo alemão, conseguindo assim uma maioria democrática que lhe garantiu o poder para reinar despoticamente. Usou para isso o espantoso desenvolvimento alemão no pós-Primeira Guerra, a criação do Volkswagen (ou O Carro do Povo), a vitória total contra o desemprego (conseguiu a meta utópica dos 0%), a criação de viagens aéreas turísticas usando o zeppelin. Foi sem dúvida um dos maiores governantes do país bávaro, antes de ver como possível o alargar da sua ideologia a todo o território europeu. Valeu-se aí do investimento feito na reconstrução e inovação bélica, e na nova hegemonia económica criada. A sua mente retorcidamente socialista e uniformitária levou-o a criar alianças, a invadir países vizinhos (sempre considerei a maioria da França uma aliada nazi, e não uma verdadeira resistente; esta última ideia não é mais que a história contada pelos vencedores...) e a estabelecer acordos com regimes que sabia à partida não conseguir vencer. Acordou com a Rússia comunista e a Itália fascista o pacto de não-agressão, indo no caso italiano ao ponto de conseguir a extradição de judeus para os campos de concentração. Mussolini aceitou-o de bom grado, pois Hitler não se metia na política interna italiana e conseguia assim "uma Itália para os Italianos", o que lhe soava muito bem, pois o Fascismo é também de tendência nacionalista, mas apoiante da economia monopolista, e não feita através de investimento estatal.
Em resumo, aquilo que eu quero transmitir é o seguinte: no fim de contas, as consequências de qualquer regime totalitário (monopolista ou socialista) tende para a miséria do indivíduo comum e para a perda da liberdade individual, evitando a diversidade ideológica e a instabilidade governativa que dela advém. Com o uniformitarismo (político no Fascismo, social no Socialismo) consegue-se estabilizar o Sistema; qualquer fuga à igualdade é depois reprimida, por todos os meios necessários. O povo, convencido pelos resultados proclamados na propaganda, apoia esta repressão em favor do bem comum. Cai o Indivíduo, governa o Estado; sem rosto, sem corpo, inflexível, inquebrável, incontornável. Muitos podem querê-lo, defendê-lo, desejá-lo. Eu abomino-o!
Sócrates defende a estabilidade governativa, EU MANDO-O À MERDINHA! Promover a estabilidade através de maiorias absolutas consecutivas, ameaçando o eleitorado abanando-lhe a ruína à frente dos olhos é simplesmente desonesto, mas é uma atitude a que este PM já nos habituou. Até quando resistirá ele à frase "Aqui quem manda sou eu" não queria eu saber, mas acho que em Outubro esta poderá não andar longe de ser proferida, a não ser que o povo pelo voto o ponha na ordem e o tire do seu poleiro.

1 comment:

Anonymous said...

Antes de mais referir que concordo plenamente contigo quando dizes "no fim de contas, as consequências de qualquer regime totalitário (monopolista ou socialista) tende para a miséria do indivíduo comum e para a perda da liberdade individual, evitando a diversidade ideológica e a instabilidade governativa que dela advém".

Mas não consigo deixar de pensar: onde raio é que foste buscar a ideia que os socialistas tem algo a ver com "UM LÍDER, UM PARTIDO, UM ESTADO, UM CAMINHO ÚNICO"?? Encontra-me uma descrição de socialismo que diga algo aproximado ao que está acima.

Dizes muito bem que dizer que fascismo e nazismo são a mesma coisa é absolutamente idiota. Mas dizer que os nazis são socialistas também não é exactamente correcto. Só porque tem "socialista no nome" não quer dizer nada. Só porque criaram um carro popular e deram umas abébias à malta, não os faz socialistas. O "socialismo" nazi é quase todo ele construído de propaganda destinada a controlar a população de maneira a que esta se submeta à grande meta dos regimes deste tipo. O elevar da nação acima de tudo, o uso das pessoas como instrumentos para criar uma nação perfeita (e em determinado momento livre de pessoas inferiores). Alguns dos primeiros movimentos nazis (incluindo aquele que deu origem ao partido de Hitler), tinham realmente algumas ideias socialistas, incluíndo alguns tipos de subsídios, desde que direccionadas para os que eram "superiores". Mas o próprio Hitler não era grande fã destas ideias, e só as usava como meio de propaganda política.