Tuesday 24 March 2009

O presente para o futuro...

Fazendo-nos crer que prevenir a acção do Homem sobre a Natureza é essencial à nossa sobrevivência, começam a verificar-se algumas irregularidades no relacionamento humano actual. Iniciativas que eram há uns anos vistas como intrusivas são agora aceites e incentivadas pelos órgãos de poder, esquecendo, e fazendo esquecer, lições vindas de experiências tudo menos agradáveis. O Fascismo, o Nacional-Socialismo e o Comunismo conseguiram mostrar o que de pior o ser humano consegue; tentar esconder todo o horror atrás de algumas caras carismáticas mascara o facto de serem necessários milhões dispostos a obedecer para os abusos se terem dado, de milhões terem esquecido uma grande lição cristã (o Livre Arbítrio responsável), em nome de uma ordem sem rosto e sem voz, mas mesmo assim injusta, perpectuasse o massacre de outros milhões. Um Homem só não faz um Holocausto, não controla a mente de um Povo. Para isso é crucial que cada indivíduo abdique da sua própria consciência em prol de uma ideia alheia. Mas quando outros pensam por nós, e nos dão ordens em que não pensamos, as acções que praticamos não deixam de ser nossas, e é isso que eu acho que o Ocidente se esqueceu. O Estado caminha para a União idealizada, cristalizada na prática da Partilha. O Indivíduo torna-se parte do Todo, automatizando-se sem qualquer noção de si. Este cenário não é estranho ao mundo, não é algo de inédito; o passado está bem documentado, os olhares vazios de soldados alemães nazis, italianos fascistas, russos comunistas e japoneses imperialistas. A ausência de consciência não nos faz parte de algo mais nobre, antes nos torna autómatos nas mãos dos detentores do Poder. E este, por ser homem, corruptível e inundado de falhas de carácter, desvia sempre para uma estratégia de defesa da própria posição relativamente ao resto, tenha ele partido de uma posição à direita ou à esquerda do espectro político. Mao, Castro, Estaline, Hitler, Mussolini e Salazar, todos tentaram privar o seu povo de cultura para melhor o controlar, e conseguiram Estados fortes e abastados em comparação que governavam. Os mesmos resultados estão agora a verificar-se, com as populações cada vez menos cultas e interessadas em algo mais que fútil, e a pretexto de uma crise interminável com cada vez menos posses e possibilidades de as ter. O Estado por seu turno tudo se dispõe a sustentar, retirando ao indivíduo a responsabilidade de lutar por um futuro, um lugar no mundo, algo de seu que possa legar aos filhos, e mesmo a construção da nova geração passou a ocupar lugar secundário.

Tudo o que importa hoje é ser bem visto, reconhecidamente ecológico e amigo de um Estado protector; todos os que não se enquadram nesta moldura, que defendem a diferença e o respeito por todas as opiniões, que desapoiam a adopção de medidas radicais e a propaganda de um Caminho Único, são rotulados e ostracizados, tratados como se de loucos paranóicos se tratassem, mesmo quando apenas ouvem os conselhos deixados por pessoas do Passado supostamente veneradas nos dias de hoje. Ser culto é ser desinteressante, ser informado é saber boatos e opinar sobre trivialidades, a valorização está no lado do parecer em vez do ser. Como hão-de responder os jovens a esta realidade que lhes apresentam? Acomodam-se, como é óbvio. Diluem-se na sociedade que os cria vazios de cultura e de moral. São criados como soldados da Facilidade e do Prazer, e estes dependem da União e da Partilha, que pela alegada falta de recursos se torna promíscua. Partilhar a propriedade é aceite como normal, até que tudo é de todos sem distinção, e o Estado Unido cuida da preservação, pela ausência de responsabilidade pessoal em tratar do que não nos pertence exclusivamente. A sociedade torna-se fonte de tudo, e tudo pertence à sociedade. O Homo socialis nasce com estrutura social definida, imutável, inflexível. A Facilidade e o Prazer, que levaram ao abdicar da Cultura, mantêm estável a União, que não treme, não verga, não cai. O dissidente é oprimido, primeiro pela autoridade, depois (fruto da mentalização geral) pelo cidadão comum, que denuncia, oprime, ostraciza. A pouco e pouco, pelo controlo da Educação, a União monopoliza a transmissão de valores às novas vagas de cidadãos, e estes nascem já diluídos, cordeiros calmos na mão do pastor-Estado.


Não acuso um líder político em particular pelo caminhar rotineiro da nossa sociedade rumo a este abismo, mas à estúpida busca constante e incessável que o humano faz pela segurança, confiando em qualquer um que lha prometa. O preço não é relevante, desde que a promessa se cumpra. A morte de um em prol do grupo, se este acto mantiver a estabilidade, passa a ser aceitável, depois normal, depois comportamento-padrão. Cabe ao indivíduo do tempo presente, ainda formado, informado e consciente, estar atento e ler os sinais do tempo no passado longínquo e próximo, de forma a evitar que entremos num trilho sem retorno rumo à perdição de nos tornarmos, todos e cada um, uma mera peça no funcionamento da União...

1 comment:

Nelson Fernandes said...

Olá E.

És capaz de já conhecer, mas no entanto aqui deixo uma outra versão da análise da realidade presente:

http://www.realidadeoculta.com/dinheiro.html

Achei piada à história em sim e ao carácter "for dummies" utilizado pelo autor...

Um abraço,

Nelson