Monday 9 November 2009

O Muro da Vergonha

Hoje comemora-se o vigésimo aniversário da queda do Muro da Vergonha. Contudo, e analisando o pensamento político actual, a corrente que resultou deste acontecimento não foi a esperada, e os filhos desta revolução não sentem correr-lhes nas veias as razões que lhe estiveram na génese. Quem observe o mundo hoje à luz da queda do muro pensa que esta se deu para que a ordem social, o controlo da produção pelo Estado e o equalitarismo forçado escoassem pelo mundo capitalista e liberal. No entanto, as razões que levaram à queda do muro foram exactamente os contrários; o que levou a que a juventude de então quebrasse essa barreira, foi a sede oriental da liberdade individual, do empreendorismo, a liberdade de expressão, de associação, de criação artística livre, de manifestação, a liberdade de escolha de estilo de vida, credo, formação e educação e o Mercado Livre! Esta liberdade esteve quase sempre presente na sociedade capitalista e liberal, mas sempre ausente na sociedade comunista. A fome de sentir-se alguém de valor, com direito a ser e pensar diferente, sem estar preso ao caminho que um líder, uma ideologia, um grupo ,maioritário ou minoritário, consideram mais correcto.

Hoje celebra-se um acontecimento que, embora beneficiário do mundo colectivista, foi funesto para as liberdades do indivíduo. E contudo, foram os comunistas que o erigiram, CONTRA A VONTADE DO OCIDENTE! Os novos ideólogos do comunismo cresceram no mundo liberal, atraindo a nova juventude, pintando de ouro a simplicidade comunista (que não é mais que o reflexo da pobreza que resulta desta ideologia), aliando a sua mensagem a novas formas de propaganda e aproveitando os canais da liberdade para espalhar metástases do pensamento comunista.

Os novos convertidos, nascidos no seio da liberdade, clamam agora pelo estadismo que os seus avós e pais valorozamente combateram, resistindo cobardemente a assumir que cada acção tem uma reacção, e cada indivíduo é responsável pela sua vida e por TODAS as consequências dos seus actos, sejam estes de responsabilidade individual ou grupal. A decisão de participação é sempre individual, pelo que o também deve ser o suportar das consequências, positivas e negativas.

A vanguarda do movimento comunista, tentando apagar a sua herança trágica, aliou-se ao ecologismo, trazendo-lhe a força do radicalismo e a nova estética da máquina propagandista, rejuvenescida por uma população de criadores para os quais é chic pertencer ao grupo degenerado odiado pelos seus antepresentes. Os jovens do Colectivo envergam poupagens de Che e cantam sobre o pacifismo; são incongruentes porque são ignorantes. Acreditam na melodia que lhes cantam sem ligar às raízes que suportam a doutrina da revolução que pregam.

A nova vaga de proclamadores de salvação marxista, agora fortalecidos do espírito globalizante ambientalista, não compreendem que o movimento comunista é como um edifício pintado de fresco com subcapa vermelho-sangue e capa verde-musgo. A organização que se esconde debaixo da nova pintura só se mostrará implacável quando sentir que tem na mão de novo a maioria da juventude, e desenganem-se os que pensam este cenário como longínquo, pois ele será mais contemporâneo do que se imagina. Na luta que se travará pela dignidade da escolha individual, o jovem revolucionário será mais vigoroso num primeiro, e vencerá o velho espírito liberal. Mas o jugo que advirá será demasiado pesado para a nova geração mais uma vez sedenta de liberdade, e uma vez mais a capacidade individual de criar, empreender e defender o direito à diferença e à posse da criação própria suplantará a asfixia do aprisionamento da pessoa individual a uma vida colectivista.

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