Thursday, 28 February 2008

Profs....a culpa é deles! (Ricardo Araújo Pereira)

Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou oensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles,aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministériomuda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que semantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vãoconseguindo escapar com vida.É evidente que a culpa é deles.E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é umaacusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam osprofessores.Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas queescolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocadosno ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou dequalquer um dos seus familiares.O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssemalgum tipo de sabedoria, tê-Ia-iam usado em proveito próprio. É sensatoentregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade dediscernimento? Parece-me claro que não.A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento.O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta porpassar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e aensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Semnenhum desprimor para com as depravações sexuais - até porque sofro de quasetodas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contactoentre crianças e adultos masoquistas.Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão.Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escolaS/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora o há osprofessores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novasqualidades, este mundo.Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povocigano.Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem dasescaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedirexplicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minhaproposta.Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menosesperança.Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida,não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem,claramente, não está preparada para o mundo.

Ricardo Araújo Pereira in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

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