Fui ver o filme Wall-E por sugestão de um amigo. Confesso que estava apreensivo com o facto de gastar o preço dum bilhete de cinema num desenho animado, mas o facto é que gostei. Fez-me rir, divertir e pensar, tal como um filme "normal".
O que mais gostei foi o magistral momento de rebeldia, ou desobediência à regra, que mostrou o poder da liberdade individual. Sendo protagonizado por um robot, reveste-se de uma carga ideológica muito forte, e sem ele acontecer, a história não poderia ter evoluído.
Esse momento foi quando o robot de limpeza, num ímpeto de vontade, sai da sua rota delineada por um feixe de luz (mesmo tremendo como varas verdes com o medo), apenas para realizar um desejo, limpar um rasto de sujidade. Embora fosse a sua função pré-programada, é visível o prazer que o executar desta lhe dava, arriscando-se ele mesmo a ser "descontinuado" ao saltar fora do trilho; mas ele fê-lo, e com isso libertou-se e pôde ser importante no desenrolar da restante acção, em vez de só mais um.
Embora seja um alerta para a evolução cada vez maior da inteligência artificial, ao ponto de ganhar tiques humanos e "sensibilidade", e esse ser um assunto que me deixa em sobressalto, gostei deste filme, e do amor pelo planeta patente num humano que nunca tinha tido contacto com ele.
Contudo, o filme tem falhas. Como é que aqueles gordalhufos conseguiram criar gerações ao longo de 700 anos? Ganhar capacidade de previsão e iniciativa é apenas consequência da inteligência do robot, muito possível daqui a algumas gerações tecnológicas; mas uma relação amorosa entre robots? Acho que é puxar demasiado a corda. Considerei no entanto de uma grande sensibilidade o hobbie do Wall-E, coleccionando objectos quotidianos da nossa vida humana, como se relíquias fossem.
Aconselho o visionamento, mesmo de um ponto de vista ecológico, pois o filme abordou (e bem) a questão pelo lado dos lixos, e não pelo lado do GLOBAL WARming. Até por isso vale a pena!
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