Thursday, 11 September 2008

O "ser" e o "dizer ser"

Sabendo do meu interesse por este assunto, fui chamado à atenção para um movimento de cidadãos "liberais", o Movimento Liberal Social (MLS). Achando engraçada a coincidência com as iniciais da Major League Soccer norte-americana, resolvi entrar no jogo e explorar um pouco o site deste movimento. Logo nas primeiras frases, na sua declaração de intenções, é explicado o distanciamento quanto à "Direita" e quanto à "Esquerda", apresentando cada um deles como estereótipos ideológicos, fora de contexto e sem qualquer referência quanto ao seu posicionamento na paisagem política portuguesa, ou europeia, ou mundial. Fecham eles o seu texto introdutório com o lema: Apenas em duas palavras, o MLS significa "mais liberdade". De um movimento que se propõe a formar partido ("Filia-te. Um partido não se faz sem membros!"), uma declaração de intenções sem explanar as intenções políticas para o país.

O interesse desceu consideravelmente no meu âmago...

Mas continuei a demanda, como pessoa persistente que sou!

Abaixo do texto introdutório, um vídeo faz uma apresentação dos membros do movimento. E aqui estava reservada a minha maior surpresa. Depois de um holandês e um brasileiro dizerem que em Portugal não encontravam alternativa a socialistas e conservadores, apresenta-se um elemento feminino a defender o direito ao aborto e o casamento de homossexuais, assim como dizendo que se identifica com políticas sociais de Esquerda e que no MLS havia pessoas "novas" em espírito, acabando por dizer que se tinha juntado ao movimento muito por causa do estímulo participativo que lhe tinham desenvolvido...

Uma ideia me assaltou; porque não está esta jovem nas fileiras da Juventude Socialista? Tudo o que ela defendia se adequava às bandeiras defendidas pela JS nos últimos tempos. Será falta informação ou estão a tentar mais uma vez sitiar o nome LIBERDADE? Esta dúvida pareceria demasiado paranóica, não fosse o facto de, por exemplo:

- o próprio presidente, em algumas das vastas contribuições para o site, defender que "a culpa do Estado é que oferece condições demasiado boas aos professores",

- o "MLS lamenta veto à lei do divórcio (...) lei essa que consideramos iria facilitar em muito a vida aos casais para os quais a relação correu mal."

Este apoio ao forcing socialista contra o Presidente da República nesta matéria enfraquece as instituições supra-governo, principalmente numa altura em que o Primeiro-Ministro se vem atribuíndo poderes extra-ordinários (ver posts anteriores), é deveras preocupante!

Concluo que a unificação de liberais num movimento com projecto partidário é uma tarefa messiânica, quiçá votada ao fracasso, pois existirá sempre a tendência de lançar "posições oficiais" e "opiniões" que se afixarão a todos os elementos do movimento, concordem estes com estas declarações ou não. E isso não é ser verdadeiramente liberal, pois põe em causa o fundamental do liberalismo - a opinião e opção de escolha do indivíduo.

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