Tuesday, 23 September 2008

Mas o que é isto?!?


Este é o relato daquilo que eu e a minha esposa vivemos ontem, a prova de que o Estado tem a pata em cima de nós, e que aquilo que podemos fazer para resistir é pouco; aliás, o que me vem à cabeça é uma cena de Hitchhiker's Guide to the Galaxy: "Resistance is useless", berrado por um

Mas enfim, aqui vai a história.

Tudo começou quando verificamos que a Segurança Socal nos tinha depositado na conta uma certa quantia. Uma vez que já tinhamos ido requerer o Abono Pré-Natal, não achamos estranho quando o dinheiro entrou no banco. O nosso espanto veio quando descobrimos na caixa do correio um cheque passado, em nosso nome, de valor semelhante ao já depositado por Eles. Dirigindo-nos aos seus balcões, fomos informados que o valor depositado na nossa conta não era relativo à nossa situação, mas que se destinava a outra senhora grávida. Tinha portanto havido um erro da parte da Segurança Social na atribuição do abono, erro detectado por nós e não pelos Serviços Sociais.

Indagando como iria agora proceder-se, informaram-nos que iria ser enviada uma carta ao nosso banco, neste caso a Caixa Geral de Depósitos, e que estes procederiam à regularização da situação retirando o dinheiro da nossa conta e devolvendo-o à entidade estatal.

Estranhando a simplicidade do processo, dirigimo-nos a um balcão do banco, perguntando se para tal acontecer não seria necessária a nossa devida autorização. O que nos responderam deixou-nos atónitos, e de todas as cores que possam imaginar, e foi o seguinte: "num caso normal, esse seria realmente o processo adoptado, mas com a Segurança Social e a Caixa Geral de Aposentações é um pouco diferente. Nesses casos costumamos autorizar internamente a devolução."

O meu pensamento imediato foi que se algo for ter a minha casa por engano (uma carta, por exemplo), tinham de contactar-me para eu efectuar a devolução. Fiquei ontem a saber que sendo uma entidade estatal a cometer o erro, têm a conivência do meu porteiro para entrar e retirar o que lá deixaram! Não me interpretem mal, não quero nada que não seja meu; sendo contactado, teria todo o gosto em devolver o dinheiro (embora ficasse apreensivo com o tipo de incompetentes que manuseiam o dinheiro público), mas não aceito que entrem no que é meu sem a minha autorização!!!

Aprendi também que esta não é uma situação nova, ocorrendo regularmente e tendo sempre as cortinas corridas pelo banco sobre estas operações, escondendo as falhas graves que vão ocorrendo nestas transferências de dinheiro. É preocupante, na minha óptica.

Não condeno, contudo, a Segurança Social, no que a mim me diz respeito. O que me foi dito é que iriam contactar a entidade bancária. O meu banco é que me chocou, ao dizer-me que entra à socapa na minha conta, em pezinhos de lã, retira-me dinheiro sem me informar e dá-o a outrém, que diz ter lá metido certo valor por engano... O que se chama isto? EU CHAMO-LHE ROUBO!

O meu pesadelo começou aí, e estou em choque desde então! Ando, como muitos, a alertar para o nível de intrusão que o Estado (a CGD é estatal, não se esqueçam!) nas nossas vidas privadas, mas nunca pensei ver-me a braços com uma prova tão cabal num tão curto espaço de tempo. Terá o seu lado positivo. Espero que o meu caso sirva para alertar mais incautos cidadãos...