Wednesday, 15 October 2008

Privacidade? P'ra quê?

Depois de uns dias de peregrinação silenciosa (mas atenta), eis que sou chamado de novo a fazer ruído, porque a tempestade veio, e chegou cheia de força!

O patriarca do Executivo apresentou ontem o orçamento do Estado português para 2009, em horário nobre, numa clara manobra propagandista (problema informático, O TANAS!). E se algumas das medidas apresentadas eu até nem discordava, no estado actual das coisas para as famílias (nomeadamente a questão da entrega das habitações a fundos de arrendamento...), uma fez-me o vómito subir aos olhos, fazendo soar em mim as trombetas do Apocalipse da Liberdade! Privacidade passou a ser sinónimo de incumprimento!

Entraram finalmente nas nossas vidas, e pela porta grande. Com pompa e circunstância anunciam que o jogo do Estado-espião começou de novo, e seguindo as mesmas regras do costume. Sem limites ao controlo, podem ser analisadas, ao mínimo sinal de riqueza (que serão subjectivamente analisados), podem espiar-nos em busca de quanto gastamos em combustível, que viagens fazemos, quanto gastamos num jantar ou se escolhemos tomar o pequeno-almoço num café em vez de ser em casa...

Em 2006, apenas entraram pela porta pequena, quando se permitiam verificar as contas bancárias logo que alguém reclamasse das suas contas. Mas quem desconfia do Estado, tão constantemente certo nas contas que faz?!? Agora vêm permitir-se entrar sem nada perguntar, só porque acham que uma pessoa demonstra riqueza, que muitas vezes nem tem! Ora, chamarem as pessoas para esclarecer as Finanças já é despojado de sentido na minha opinião, mas irem por trás das costas vasculhar as contas dos contribuintes?? Onde estamos nós?

TOTALITARISMO SOCIALISTA! CONTROLO ESTATAL SOBRE O CIDADÃO!

Não é de mansinho que têm entrado. Seguir-se-à ainda mais. Falta o controlo das acções dentro da habitação; quem não deve, não teme, e as "casas de paredes de vidro" de Zamiatine já pareceram mais longínquas. Em menos de uma legislatura já se mostrou ser possível por um país a funcionar próximo da Rússia comunista. Todo o estado das coisas é relatado na literatura... basta ir lá beber o futuro, e morrer envenenado de seguida!

Ao pensar o futuro, a sigla ANSI (autoridade nacional para a segurança interna) ou algo similar ganha forma. O seu prelúdio foi a ASAE, mas algo mais global será imposto como essencial quando esta gente ganhar novamente o controlo. Não há melhor à vista no panorama político, eu sei. Mas sugiro um massivo VOTO EM BRANCO, para pelo menos diminuirmos o número de deputados eleito por voto popular. É uma sugestão arrojada, mas talvez a única forma de luta não violenta passível hoje de criar reacção, impacto e efectiva mudança no rumo da nossa civilização.

LIBERDADE e DEMOCRACIA, palavras que parecem agora tags em graffittis pró-anarquicos, serão em pouco tempo responsabilizadas pela instabilidade social, o desrespeito juvenil e o não-atingir dos objectivos económico-financeiros do Estado.

2 comments:

Gonçalo Taipa Teixeira said...

Porque não uma simples não colaboração com a autoridade em tudo aquilo que consideras injusto ou despropositado? Ou seja, desobediência civil.

O Peregrino said...

A única forma de desobediência civil que vejo como possível neste caso é aceitar as consequências de uma vida sem conta bancária, de forma a que esta lei perca o seu efeito perverso...
E o que é uma vida além das possibilidades de cada um? Para mim pode ser um carro novo, um fato caro; para quem tem imensas posses, será comprar metade do território nacional? Esta subjectividade é, a meu ver e por si só, alarmante!