As notícias que enganam mais do que informam continuam a ocupar as primeiras páginas de certos jornais. Hoje o Destak resolveu publicitar que "Rendimentos das famílias vai subir com queda da inflação". Este título é óptima propaganda governamental, uma fantástica frase para captar o voto do ignorante membro da sociedade portuguesa que, com poucos estudos, remunerações baixas e uma enorme conta na taberna a acumular todos os meses, aqui vê um sinal de "bom trabalho" do nosso (des)governo. A questão que se põe é esta: se realmente a inflação desce, e as empresas fazem actualizações salariais, isso quer dizer que vai entrar ainda menos dinheiro para essas empresas; se o seu lucro era já reduzido ou mesmo nulo, agora a situação fica ainda mais negra. Qual é a directa consequência que se prevê? Se este ano houve já muitas empresas a encerrar portas, este ano desconfia-se que muitos mais portugueses passem a viver à custa dos poucos que conseguirão manter o seu emprego... Mas também estes estão em perigo, pois como já admitiu a incompetente equipa Sócrates-Constâncio o país entrará de certeza em recessão proximamente (em Fev-Mar '08 estava o governo a prometer que a crise tinha acabado!). Assim, QUAL É O MOTIVO DE TANTO OPTIMISMO? Afirmar que os portugueses vão ganhar "poder de compra" não me parece muito adequado quando o Estado (os contribuintes efectivos) suportam cada vez mais gente no país. Quando a bomba estourar, quero ver quem assobiará para o lado! O dinheiro dos contribuintes não dura para sempre, e o que se pode prever é que quem andou mais tempo a trabalhar e a sustentar o alheio, quando finalmente perder o seu sustento, não terá o suporte estatal, que entretanto simplesmente esgotou a fonte.
Outra notícia, desta vez no Metro, que me deixou perplexo foi acerca da opção publicitária da ZON. Não sendo cliente, e portanto não beneficiando da sua campanha, sinto-me por isso ainda mais no direito de manifestar a minha objecção à acção da Autoridade da Concorrência, que proibiu a dita empresa de oferecer uma ida por semana ao cinema NAS PRÓPRIAS SALAS DA EMPRESA, ou seja, nos cinemas Lusomundo. Mas mais perplexo fiquei quando li as declarações do representante legal daqueles que interpuseram a acção, isto é, os concorrentes da ZON no mercado das comunicações. O que ele alegou foi que "Todos estávamos praticamente com a noção de que, se esta operação fosse para a frente, era o fecho de todas as salas não pertencentes à ZON Lusomundo que existiam em Portugal". MAS ESTE GAJO ESTÁ DOIDO? Então agora uma empresa já não pode dar livre acesso a quem quer, seja baseado na apresentação de um cartão de sócio ou qualquer outro factor de selecção (Cartão Jovem ou Cartão de Estudante, por exemplo)? Por essa ordem de ideias, também a UCI, outra empresa de salas de cinema, não poderia oferecer bilhetes pela fidelização dos clientes, E JÁ O FAZ DESDE O TEMPO EM QUE ERA AMC, ou seja, há vários anos. Em vez de puxarem pela cabeça para chamar clientes, tentam evitar que as concorrentes joguem com as cartas que têm na mão. É uma forma indecente de trabalhar, e é pena que tenha o aval estatal.
Não me revejo neste Estado que não privilegia a iniciativa, a criação de situações mais vantajosas para o cidadão-cliente e o incentivo à produção de mais cinema nacional, pois a Lusomundo é das distribuidoras que mais aposta em cinema português e estrangeiro independente.
4 comments:
Tecnicamente isso de uma empresa não poder "dar" o que quer que seja é verdade, e já há muitos anos que é considerada uma prática anti-concorrencial. Isto vem do princípio das empresas praticam preços abaixo dos seus preços de custo (dumping) com o intuito de ganhar mercado e levando os seus concorrentes a fechar portas. De seguida, vendo-se numa situação quase monopolista, podem praticar os preços que bem entendem. Isto é a ideia geral.E por isso é que a maior parte das campanhas promocionais das grandes empresas são vigiadas. Pode-se ver claramente que a natureza da campanha UCI/AMC é diferente, já que implica que as pessoas tenham de gastar dinheiro em bilhetes de cinema para terem acesso às ditas promoções (que sejam 4 pontos de cada vez, são necessários 22 pontos para um bilhete à pala num dia semanal não feriado, logo, são quase 6 idas ao cinema. Não é bem à pala...). No caso da ZON os bilhetes são à pala (com umas quantas limitações por mês), bastando ser cliente ZON para ter acesso à promoção. Claro que se gasta dinheiro na mesma, em serviços ZON (televisão, internet, telefone...). Mas não é bem a mesma coisa. O cinema pode ser entretenimento, tal e qual a televisão e a internet podem ser considerados como tal, mas o tipo de negócio é claramente diferente. Acho que se fosse uma empresa nova no mercado, ou uma pequena empresa, o caso poderia ser diferente. Mas a Zon Lusomundo tem 3 em cada 4 cinemas na área do Porto, por exemplo.
Se se entra sem desembolsar qualquer quantia numa sala de cinema para ver um filme, com o consentimento da empresa responsável pela exploração do espaço, então isso é À PALA! Quanto ao facto de a ZON ter 3 em cada 4 cinemas na área do Porto não impede o monopólio do UCI, que compete com as armas que tem, a saber a ausência de intervalos no meio do filme e a qualidade das suas pipocas, reconhecida e procurada por muita clientela. Ora e se um ministro achar que é essencial sair a meio para "verter águas", estamos todos condenados a isso,m é?
Não sei exactamente o que é que as actividades primárias do ministro tem a ver com isto...mas então se como tu dizes é à pala fazemos o seguinte: pedes o cartão UCI em teu nome. Depois vamos lá e tentamos entrar sem antes o ter utilizado para nada. Deve correr bem...
A UCI ter produtos ou serviços de qualidade na área do cinema (bastante abaixo da saudosa AMC) não impede a Lusomundo de ter a grande quota parte do mercado. A UCI só tem 3 cinemas em Portugal, e a Lusomundo tem umas dezenas. O problema de competir com as armas que se tem é quando se utiliza uma estratégia que lesa a própria empresa apenas para ganhar mercado e acabar com as empresas concorrentes. Exemplo: o cair da tvtel aos pés da tvcabo por causa do imbróglio da sporttv e das pressões da então PT, grupo de qual a tvcabo fazia parte.
O que eu quis dizer com as necessidades do ministro é (a exemplo do que aconteceu com a caipirinha no Brasil) se um ministro se lembrar que é melhor para o espectador que TODOS os cinemas façam intervalo na projecção, por causa de saúde ou 'whatever', vamos ter de arcar com as suas opções? O que protege o consumidor de ter o Estado a decidir por si? O Estado devia habilitar-se no ramo judicial para responder às exigências em caso de queixa do consumidor, e não armar-se em PAIZINHO e querer decidir "o que é mais benéfico". Eu é que faço as minhas escolhas; o Estado existe para garantir que eu posso chamar a tribunal a empresa a quem paguei por um bem ou serviço. Enquanto esta ideia não vencer, vamos perdendo a liberdade de escolha, e ficando cada vez mais vulneráveis aos vírus que anseiam por devorar-nos, os biológicos e os sociais!
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