Monday 23 March 2009

Cuba + Galp = Portugal

E aí estão mais uma vez as empresas do Estado a participar na campanha propagandista do governo socialista, demonstrando mais uma vez que, em cargos corporativos, de gestão ou governativos, TODOS devem ser alvo de escrutínio, selecção de recursos humanos e avaliação contínua de desempenho, pedindo-se no caso empresarial (e principalmente quando estão envolvidos dinheiros públicos) o máximo profissionalismo, isenção ideológica e capacidade de demarcação das políticas governamentais.
A Galp, empresa controlada pelo Estado, iniciou recentemente uma campanha em que apoia a partilha de lugares quando as pessoas se deslocam para o mesmo local, utilizando para isso um sítio electrónico criado para o efeito, no qual os cidadãos se podem inscrever requerendo e oferecendo boleias, dando informações voluntárias acerca da sua rota quotidiana normal. Para além de mais um paradoxo orwelliano que me vem à mente quando vejo ou ouço publicidade a esta "iniciativa", recordo-me também que esta é uma medida há muitos anos aplicada, em regime mandatório, em terras de Fidel Castro. Não há tecnologia envolvida, mas cada condutor pode ser multado se na sua rota não ceder um lugar no seu veículo a um concidadão que lho peça de dedo esticado... Mas ainda mais me vem à mente, como que em clarividência.
Com a crise, esta medida tem tido imensos cidadãos a aderir todos os dias, requerendo transporte através desta medida. Várias questões me inundam o espírito:
- se a boleia falhar num dia, quem é o responsável pelo atraso do trabalhador ao emprego;
- como é distribuído o preço do transporte (dividido ou custeado pelo benfeitor?);
- quem se responsabiliza pela manutenção do veículo;
- o que impede o recurso ao chico-espertismo tipicamente português;
- quem impede as gasolineiras de, uma vez esta medida implementada e com o apoio estatal, aumentar o preço dos combustíveis, uns alegando baixa de lucros e outros suportando a decisão, alegando o GLOBAL WARming e o evitar de despedimentos;
- será que posso pedir boleia ao nosso sócrates, no caminho para S. Bento (o Quique Flores pelos vistos é vizinhodo nosso sócrates; será que partilham o carro na viagem matinal?).
Passo a passo entrarão no nosso caminho, e com uma carga de ombro derrubar-nos-ão e alegarão que foi legítimo. Correr mais rápido que eles, ou um inesperado remate podem dar-nos a vitória, mas a inércia apenas terá um resultado: a lesão que fica de uma entrada faltosa por trás a que o árbitro fará vista grossa!

1 comment:

whity said...

Acho de muita estupidez, estar a providenciar-se a possíveis ladrões e malfeitores, o nosso percurso diário e, pior, a entrada facilitada na nossa viatura, nossa propriedade, na qual poderão fazer o que quiserem. Afinal, eles não entraram à força. Depois não digam que eu não avisei...!