Thursday 13 May 2010

Desabafos...

E ao fim de meses de silêncio, heis que o meu vulcão interior, em sintonia com o islandês, dá sinais de querer vomitar algumas das minhas verdades...

1 - Como pode um senhor suspeito de crimes como desvio de fundos E práticas pedófilas ter credibilidade suficiente para chegar a uma lista partidária? Como pode este mesmo senhor, embora nunca tendo sido levado a julgamento (algo que um político corrupto e influente não consegue fazer na República das Bananas), conseguir um lugar de destaque na bancada parlamentar para a qual conseguiu ser eleito? Como pode ainda ser admitido que proceda ao extravio de gravadores de jornalistas durante uma entrevista que ele voluntariamente concordou realizar? Como pode, depois de tudo isto, ser elevado a adjunto do Primeiro-Ministro para a Segurança Interna? E após este churrilho, como podem tentar lavar-lhe a imagem, enviando-o para o canal público em representação do partido do governo? Este homem devia ser posto a um canto, forçado a resignar, pois não tem carácter para ocupar o cargo de responsável da nação! O cargo de deputado está hoje muito diminuído, em importância e responsabilidade, pois a voz de cada um que o ocupa é diluída na disciplina partidária, mas felizmente muitas são as vozes que se vão levantando em defesa daquilo que realmente lhes foi confiado, a representação individual da região que os elegeu.

2 - Depois de ter visto o sócrates a prometer, a afirmar, a dizer (chamem-lhe o que quiserem; para mim, a palavra de um homem é sempre uma promessa...) que não haveria aumento de impostos, vem agora, por ter sido desmascarado no défice real do país, pedir mais esforço aos cidadãos. E não fosse Passos Coelho e o amigo do país ao lado, não se lembraria de incluir o exemplo governamental na baixa salarial. Este sócrates é um fuinha. Só na última, quando vê que é impossível fugir a isso, é que faz a coisa difícil, é que se resolve a aceitar que o Estado não tem capital para "investir", que não chega o que ainda contribuinte entrega para cobrir a despesa que o governo socialista quer suportar. É pena! Com o dinheiro que esbanjou em ajuda social, poderíamos há muito ter saído desta crise, pois se não tivesse subsidiado a preguiça e substituído o investimento privado na recuperação económica, não estaria agora embrulhado na contradição de obras megalómanas contemporâneas de sacrifícios desmedidos para a população. Contudo, isto só espanta os desatentos... Em tempo de apostar no país, em que as vacas ainda não passavam muita fome, o Primeiro-Ministro, em vez de promover o país pela sua presença em estâncias turísticas nacionais, onde com certeza também descansaria, preferiu os Alpes e a savana para as férias familiares. Mais uma vez, é pena! Foi mais uma oportunidade perdida...

3 - Que raciocínio leva alguém a concluir que aumentar impostos reaviva o mercado? Como é que as empresas conseguem arrancar a sua actividade com o mesmo ou menor negócio e com menos dinheiro, devido a impostos? Em que é que um Estado irresponsável, mau pagador, esbanjador do dinheiro que lhe entregam e caloteiro para com quem lhe empresta irá aplicar o capital que arrecadar com impostos mais pesados? Pagar a dívida que já tem, por causa de pedir para dar, é uma hipótese. Aplicar em betão e ferro, em obras públicas que levarão, sem dúvida, a mais derrapanços orçamentais e corrupção, passiva ou activa, e joguinhos de interesses, é outra opção. Distribuir em "apoio social" porque a riqueza é imoral e ganhar mais do que a média nunca é sinal de trabalho e inovação, mas de ladroagem que deve ser punida com a redistribuição, também é opção. Mas converter-se-à alguma destas em real crescimento, em emprego fora do erário público e em decréscimo a médio prazo do défice público? Não! A única medida que realmente coloca as contas em ordem é a saída do Estado da Economia, a paragem de empregamento da população pelo Estado, pois só estando os cidadãos a trabalhar no sector privado produzirão real riqueza, aumento efectivo do PIB e diminuição sustentada do défice, já que do Estado sairá menos dinheiro e entrará mais capital.

4 - Nos EUA em 1921, no Japão em 1945 e em Hong Kong em 1970, o Mercado Livre foi deixado na sua máxima expressão: quase sem impostos e com liberdade quase total de actuação pelas empresas. O resultado: em poucos meses, tiveram crescimentos assombrosos, e a riqueza bruta começou a aumentar exponencialmente. O desemprego nestes países diminuiu também drasticamente; e embora os empregos fossem aquilo que os sindicalistas chamam precário, eram-no porque as pessoas também assim os criam, pois assim podiam lutar por subidas na hierarquia, e de acordo com as suas capacidades e competências, que iam aumentando com o tempo e a experiência. Eram todos também obrigados a competir entre si e dar sempre o máximo. No final, todos ganhavam e todos ficavam satisfeitos. Quem não produzia, ou começava a fazê-lo ou caía na escala laboral, sendo "obrigado" a perceber que sem trabalho não há riqueza. A lição de que é preciso aprender com as tanto derrotas como com as vitórias era transversal na sociedade, ensinado às novas gerações, e com isso toda a sociedade ganhou, em melhoria da qualidade de vida e aumento das potencialidades dos cidadãos.

5 - Se queremos ter uma sociedade dustentável, ela tem de assentar na premissa da Justiça cega e igual para todos, e não numa justiça social, desigual entre cidadãos, promotora de valores utópicos impossíveis de conseguir. Os humanos não são todos iguais, nem à nascença. Não podemos assegurar-lhes pontos de partida iguais, apenas que terão igual tratamento perante a Lei. Assim assegura-se que existe real Justiça, e que ninguém está acima da Lei.

Conclusão: libertei um certo peso que me puxava para o fundo, mas o problema não está resolvido. É uma situação triste, aquela que a "geração Guterres+sócrates" deixou para nós resolvermos. Será positivo se a minha geração perceber que basta de Estado, canhotices e entraves ao funcionamento da Economia, que basta de considerar qualquer empresa "demasiado grande para cair", ou que o Estado é soberano sobre a nossa vida, liberdade ou capital. No final, à minha geração é deixada uma questão: afinal, quem trabalha para quem? É o Estado que trabalha para os cidadãos, ou os cidadãos que trabalham para o Estado? Pelos números actuais, o cidadão médio tem de trabalhar já 5 meses só para impostos. Eu considero isto o meio-caminho para a escravatura, ou para o comunismo. Se outros pensam diferente, reservo-lhes o direito a tal, mas não ao controlo da minha vida, liberdade e capital para levarem a cabo as suas "soluções milagrosas". Para isso, usem o próprio capital - monetário, proprietário ou intelectual! Mas deixem o meu em paz. Não me peçam nada, eu nada pedirei também... Neste acordo voluntário concordo coexistir; caso contrário, mais nenhuma solução vislumbro, senão partir.

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